- Evidenciador ,
- 13 jun 2025
Se você já se fez essa pergunta, se teve essa conversa com os amigos ou ficou matutando sobre isso depois de um dia de trabalho em que sentiu que produziu muito, mas não tudo aquilo que tinha se proposto a fazer, eu tenho uma resposta simples e rápida para dar: não, o tempo não está passando mais rápido e o dia continua tendo as suas 24 horas.
Essa questão foi objeto de investigação da jornalista Izabella Camargo que, em seu livro “Dá um tempo”, aborda a nossa relação com as batidas do relógio, produtividade e o impacto disso na saúde, tanto física quanto mental.
No evento online RESET, iniciativa do Grupo Cia de Talentos e da startup Bettha.com, ela compartilhou algo que me marcou muito: precisamos ter consciência do uso do nosso tempo.
Quem me conhece sabe que, há alguns anos, venho reorganizando a minha agenda para justamente ter mais tempo para me dedicar à família e aos meus outros amores, como a minha ONG Instituto Ser +, os conselhos administrativos, escrever, dar aulas e palestras sobre temas que sou apaixonada.
Para isso, eu tive que olhar para a minha rotina, delegar funções e tarefas — como expliquei no artigo sobre sucessão — e fazer uma nova priorização de compromissos. Eu precisei, como a Izabella explicou no bate-papo do RESET, atualizar a minha identidade.
Essa atualização significa olhar para si, entender o momento de vida, saber o que é importante nesse cenário e refletir: será que a rotina que eu tenho hoje é compatível com a minha “versão” atual?
Muitas vezes, essa sensação do dia estar mais curto vem de uma ilusão do tempo. Achamos que sempre dá para encaixar mais uma coisa na agenda, assumimos diversos compromissos e acreditamos que essa conversa de estresse, burnout e adoecimento mental serve para os outros, mas não para nós que temos tudo sob controle.
Só que chega o final da semana e estamos como? Cansados e frustrados porque, por mais que tentamos “criar braços” para equilibrar todos os pratos, o dia tem 24 horas para todo mundo e, no fim das contas, o corpo nos cobra pelos maus tratos.
Não estou dizendo que essa sensação de corrida contra o tempo não seja real. Inclusive, muitas pesquisas têm mostrado justamente essa busca pelos segundos, minutos e horas que nunca mais voltam. Dados da Gallup US Daily Poll mostram que, em 2011, 70% dos trabalhadores americanos relataram que “nunca tinham tempo suficiente” e, em 2018, esse número aumentou para 80%.
Outro exemplo é um artigo publicado na The Journal of Positive Psychology que concluiu que, apesar do dinheiro dar acesso a experiências que geram sensação de felicidade (férias, educação, saúde), a abundância de tempo também contribui muito para o bem-estar.
Então, sim, a angústia relacionada à passagem do tempo é real! A questão, no entanto, é o que fazemos com isso? O que podemos fazer quando percebemos que estamos perdendo essa “corrida”?
Talvez, o primeiro passo seja entender que o tempo, veja bem, não é nosso inimigo. Ele não está contra nós, não é um complô!
Como a Izabella Camargo costuma falar, o tempo está passando da forma que sempre passou, somos nós que estamos passando de forma diferente por ele.
Fazemos ou queremos fazer cada vez mais, preenchemos cada brecha de horário livre porque, afinal, não podemos desperdiçar o tempo “fazendo nada”, não paramos nem para comer tranquilamente longe do computador, emendamos uma atividade na outra sem nenhuma pausa para respirar e nos acalmarmos. Aliás, aproveite agora e respire fundo para desacelerar e prestar atenção nas outras dicas que tenho para dar!
Uma vez feita as pazes com o tempo, você pode começar a listar tudo, absolutamente tudo, o que faz parte das suas rotinas diárias. Desde as atividades do trabalho até aquelas relacionadas à vida pessoal. Essa é uma forma de visualizar como cada hora do seu dia está preenchida e, portanto, começar a ganhar mais consciência sobre o uso do tempo.