Editorial | O Agro que sustenta o Brasil: Presente Produtivo, Futuro Estratégico


O agronegócio brasileiro deixou de ser apenas um setor produtivo, ele se consolidou como a espinha dorsal da economia nacional. E se os próximos anos confirmarem as projeções já em curso, o campo será, mais do que nunca, o eixo em torno do qual o Brasil poderá crescer de forma estruturada, resiliente e globalmente relevante.

Em 2025, o Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária deve atingir R$ 1,419 trilhão, segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária. Esse valor representa um crescimento real de 11,5% em relação a 2024, sinalizando uma retomada expressiva após anos desafiadores marcados por variações climáticas, custos logísticos elevados e instabilidades nos mercados internacionais.

A força do setor está nos números. A soja segue liderando, com previsão de R$ 360,8 bilhões em faturamento. Em seguida vêm o milho, com R$ 140,9 bilhões, e a cana-de-açúcar, somando R$ 121,8 bilhões. No segmento da pecuária, os destaques são a bovinocultura (R$ 205,4 bilhões), a avicultura (R$ 111 bilhões) e a suinocultura (R$ 66,2 bilhões). Os dados não apenas impressionam: eles reafirmam a capacidade de produção, adaptação e reinvenção do agro nacional.

E a próxima safra deve consolidar essa tendência. A estimativa para 2024/2025 é de 322,5 milhões de toneladas de grãos, alta de 8,2% sobre a anterior. Com isso, o Brasil continua ampliando seu papel no cenário global: hoje, exportamos para mais de 180 países e já figuramos como o maior fornecedor mundial de soja, carne bovina e frango, com grandes avanços em milho, algodão e frutas.

Um exemplo notável desse avanço é o cultivo do amendoim, que tem se destacado como uma cultura em franca expansão. Para a safra 2024/2025, a produção brasileira de amendoim está projetada em 1,18 milhão de toneladas, representando um crescimento de 60,3% em relação à safra anterior. Esse aumento é atribuído à expansão de 10% na área plantada e a um ganho de 47% na produtividade. 

Além disso, o amendoim tem se consolidado como um importante produto de exportação. Atualmente, cerca de 75% da produção nacional é destinada ao mercado externo, principalmente na forma de grãos e óleo. O Brasil ocupa a posição de segundo maior exportador mundial de óleo de amendoim, atrás apenas da Índia, com projeções indicando a possibilidade de assumir a liderança global em 2025.

Mas o sucesso do agro brasileiro vai além da produtividade. O setor é cada vez mais movido por tecnologia, ciência e sustentabilidade. Com o uso de sensores inteligentes, drones, análise de dados e biotecnologia, a produção ganha escala, eficiência e rastreabilidade — o que agrega valor e atende aos rigorosos critérios de importadores estrangeiros.

Além disso, há um fator muitas vezes ignorado: o agronegócio é também inclusão e desenvolvimento local. Estima-se que o setor empregue diretamente cerca de 28 milhões de pessoas e responda por aproximadamente 23% do PIB brasileiro. Isso significa geração de emprego, fomento ao comércio, e dinamismo em milhares de pequenas e médias cidades brasileiras — muitas das quais giram quase exclusivamente em torno da atividade agroindustrial.

Contudo, essa potência precisa ser respeitada e estimulada com seriedade. O agro não pode ser tratado apenas como solução de curto prazo para indicadores econômicos. Ele é uma vocação nacional — e como tal, precisa de política pública de longo prazo, infraestrutura logística adequada, estímulo à pesquisa e segurança jurídica no campo.

O agronegócio brasileiro já é o presente. Mas, bem gerido, pode ser também o grande diferencial estratégico do futuro. Um país que tem solo fértil, tecnologia, gente capacitada e capacidade de alimentar o mundo, precisa entender que sua maior força talvez não esteja nos centros urbanos, mas nas raízes que crescem no campo.

 

Autor da matéria: Edilson Zanetti

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