“Ser psicólogo é ser alguém apaixonado pela vida, pelo ser humano, que acredita no potencial e na capacidade de resiliência das pessoas”, destaca Wesley Lutero

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Você passa por uma grande dificuldade, um trauma e muitas vezes sente-se perdido, sem saber o que fazer. Mas, para resolver essas questões, é preciso estar aberto às mudanças e ao processo de terapia. O psicólogo precisa ter em seu DNA, a empatia, para poder colocar-se no lugar de cada paciente e entendê-lo de maneira ampla, mostrando-lhe caminhos para solucionar o problema apresentado.

Assim como em qualquer área, é muito importante esforço, dedicação e, acima de tudo, amor pelo que faz. Wesley Lutero é Psicólogo e demonstra em cada atendimento que faz, o quanto é apaixonado pela profissão que escolheu. Com um jeito leve e descontraído, o profissional busca ajudar os seus pacientes a superar os seus problemas e levar uma vida mais leve.

Atendendo há um ano e meio em clínica própria, Wesley contou em entrevista ao Evidenciador, um pouco sobre sua história e o que o levou a escolher a Psicologia como sua profissão.

EVIDENCIADOR - Como surgiu a vontade de trabalhar como Psicólogo? Como foi para você essa trajetória?

WESLEY LUTERO - Antes de Psicologia, cursei Administração de Empresas. No segundo ano do curso, tivemos uma matéria chamada Administração de Recursos Humanos, a qual era ministrada por um Psicólogo. Eu me identificava muito com esta matéria, desde então surgiu uma admiração pela Psicologia Organizacional. Há uns 8 anos, eu me candidatei para uma vaga de Analista de Recursos Humanos em uma empresa que oferecia um ótimo salário, no entanto, não pude concorrer porque, era exigida a formação em Psicologia. Daí me despertou para a área, mas, fui deixando passar. Depois de um tempo, eu estava um pouco frustrado com a minha formação por não conseguir atuar na área; eu queria um curso universitário que me possibilitasse trabalhar de acordo com a formação, então decidi cursar Psicologia.

EVIDENCIADOR - Quais as dificuldades que você enfrentou para chegar até a área que escolheu?

WESLEY LUTERO - Com relação à trajetória, considero que foi de superação, pois enfrentei muitas dificuldades. Venho de uma família pobre, meus pais não tiveram condições de nos dar muita coisa, nunca soube o que era ter um videogame na infância, embora tivesse vontade de ter um. Porém, sempre nos incentivaram a estudar. Eu sempre me esforcei para tirar as melhores notas; na minha época, as notas eram por letras, onde a nota 10 era “A”, 9 era “B” etc. Tirei o meu primeiro “B” na quarta série, o que me fez chorar, já que estava acostumado só com notas “A”.

Quando fui cursar Psicologia, eu já estava casado há nove anos e com o meu primeiro filho com um aninho. Eu trabalhava o dia todo, tanto quanto a minha esposa e, à noite, corria para pegar o ônibus para Tupã enquanto minha esposa cuidava da casa e do nosso filho, foi bem difícil. No terceiro ano de curso, minha esposa engravidou novamente; mais um desafio, porém, também superado com muito esforço e dedicação. Durante os estágios, tive que viajar muitas vezes para Tupã. No começo, ia de circular, mas depois os horários não batiam e comecei a ir de carro, gastando muito combustível. Um dia, indo para lá cumprir os estágios, o motor do carro fundiu na estrada, impossibilitando-me de chegar. Mas nunca desisti. Deus foi preparando pessoas para me ajudar, e assim fui superando cada desafio. No que diz respeito à atuação em si na área da Psicologia, as maiores dificuldades foram no começo da atuação na clínica, já que eu trabalhava o dia todo em uma empresa da cidade, eu só conseguia atender à noite. Eu chegava em casa quase meia noite. Foi um período corrido, quase não conseguia brincar com os meus filhos, mas eu sabia que seria passageiro.

EVIDENCIADOR - Como você define a profissão de psicólogo?

WESLEY LUTERO - Ser Psicólogo é saber o verdadeiro sentido da empatia, isto é, entender o que significa se colocar no lugar do outro ao ponto de entendê-lo. É ter um olhar de compaixão, uma escuta de acolhimento, sem pré-julgamentos e pré-conceitos; é oferecer uma escuta que, ao mesmo tempo em que é técnica, também é de compreensão. É ouvir os não ditos, observar os comportamentos, identificar o que está por trás daquilo que está sendo verbalizado a fim de se oferecer uma interpretação que nada tem a ver com “achismos”, pois se trata de ciência, de conhecimento teórico, técnicas e métodos validados. É ser um investigador de subjetividades, é mergulhar na forma de ser e de existir de cada paciente, a fim de entender o funcionamento psíquico de cada um. É ser um estudante contínuo, um pesquisador, pois cada ser humano é único, cada paciente tem um modo de ser e, portanto, cada caso é um caso, e precisa ser verificado à luz do aporte teórico no qual o profissional se embasa.

Finalmente, ser psicólogo é ser alguém apaixonado pela vida, apaixonado pelo ser humano. É ser alguém que acredita no potencial, na capacidade de resiliência das pessoas, na habilidade de cada um se reinventar após passar por adversidades. Apesar dos desafios, é muito mágico ver pessoas chegarem ao meu consultório desacreditadas, e, após um tempo de tratamento, ficarem impressionadas com a melhora. Também precisamos conhecer os nossos próprios limites, para não confundir as questões dos pacientes com as nossas. Para tanto, é importante que também façamos a psicoterapia. Além disso, contamos com supervisão de profissionais mais experientes, de modo que, na psicanálise, temos um tripé para o sucesso da atuação: o estudo da teoria, a própria análise (fazer terapia) e a supervisão.

EVIDENCIADOR - Qual o sentimento de poder trabalhar com pessoas, de poder ajudar para que elas tenham esse processo de cura?

WESLEY LUTERO - É extremamente difícil descrever o que sinto ao ver um paciente conseguindo ter resultados tão extraordinários. É muito mágico. Ainda anteontem tive novamente uma situação em que, durante a sessão, conforme fui conduzindo e fazendo os apontamentos, a paciente ficou impressionada por começar a se lembrar de questões que levaram ela a um êxtase surpreendente. Ela se emocionou muito e não parava de me agradecer dizendo que aquilo trouxe uma leveza, um alívio que ela não conseguia nem descrever. Ela já estava tendo ganhos terapêuticos consideráveis. Quando ela chegou no consultório pela primeira vez, estava desesperada, desacreditada e fiou impressionada com o que já estava conseguindo sentir. Ainda há um longo caminho pela frente, mas vivenciar isso é realmente muito satisfatório.

EVIDENCIADOR - Deixe uma mensagem de motivação para quem pretende seguir esta área ou que irá ler esta entrevista.

WESLEY LUTERO - A minha mensagem é que você não desista nunca! Se você tem um sonho, um objetivo, acredite nele. Mas, para isso, primeiro se faz necessário acreditar em você mesmo. Acredite no seu potencial, nas suas qualidades. Barreiras todos enfrentamos, dificuldades todos temos. A diferença entre os que fazem sucesso na vida, seja em que área for e os que não fazem, é que os que conseguem chegar no objetivo nunca desistiram. Eles também tiveram dificuldades, enfrentaram medos, até pensaram em parar, só não colocaram em prática. Decidiram seguir em frente, dar a volta por cima, transpor as muralhas, enfrentaram os seus próprios limites, decidiram não para diante de um trauma, buscaram ajuda quando necessário, só nunca desistiram. Todos temos a capacidade de superar dificuldades, basta acreditarmos nisso e lutarmos com muita dedicação e esforço. Eu acredito em você, mas, e você, acredita?