Ottoboni New Holland vende o primeiro trator movido a biometano do Brasil


O primeiro modelo T6.180 Methane Power, que utiliza o gás gerado a partir da decomposição de resíduos orgânicos como combustível, foi vendido pela Ottoboni New Holland para a SF Agropecuária, empresa com sede em Brasilândia (MS), do setor de suinocultura.

Em todo o mundo, a New Holland já vendeu cerca de 200 unidades fabricadas em Basildon, na Inglaterra.

O Produtor Fábio Pimentel de Barros foi quem adquiriu o trator e conta que tem tido boas experiências durante o pouco tempo de uso. “Estamos comprovando que o trator é mesmo mais econômico que o diesel”, diz o produtor.

Fábio é dono da agropecuária que se dedica à criação de suínos, com abate de cerca de 180 mil animais por ano, mais bovinos e agricultura. São 33 mil bovinos e 1.500 hectares de lavouras de soja, milho e sorgo.

Como combustível, o trator utiliza o gás gerado a partir da decomposição de resíduos destes suínos. Mas, de acordo com o produtor, a compra da máquina, que custa cerca de R$ 1 milhão, representa ganhos ambientais e operacionais que vão além da atividade na suinocultura.

“O biometano representa energia limpa, renovável e que tem uma produção de CO2 muito menor que as demais. Além disso, também traz maior conforto para o operador, por causa do baixo nível de ruído em comparação com um trator comum. Outra grande vantagem é que o combustível dele eu já tenho na fazenda.”

A fazenda investe em biodigestores para a produção de biogás há cerca de uma década, até agora utilizado para a geração de energia elétrica e para abastecer um caminhão movido a biogás e destinado à entrega de suínos ao frigorífico. “O gás que vira eletricidade é vantajoso, mas o gás que substitui o diesel é três vezes mais vantajoso em termos de economia”, diz Barros. De acordo com a fabricante, a redução de custos pode variar de 25% até 40%, na comparação com o combustível fóssil.

Renato Ottoboni, sócio proprietário da Ottoboni, concessionária da New Holland que fez a venda do trator, retratou a felicidade em fazer parte deste importante momento.

“Para nós é um marco, não só na história da empresa, mas um marco realmente para o agronegócio, como um todo para o Brasil e até para o mundo. Realmente é uma inovação, é algo que a gente sonhou e pensou nisso há muitos anos atrás e hoje estamos vendo ser concretizado. Nós agradecemos a toda equipe da Ottoboni, a toda família e todos os parceiros por essa conquista, pela empresa Ottoboni ser a primeira concessionária que vendeu o primeiro trator Biometano do Brasil.”

Mas o que é o biometano?

Para entender como se chega ao biometano, é preciso saber como ocorre a chamada biodigestão anaeróbia e o que é um biodigestor. A biodigestão é um processo biológico que utiliza micro-organismos para decompor materiais orgânicos na ausência de oxigênio, produzindo biogás e biofertilizante. O processo serve para tratar resíduos orgânicos, como esterco dos animais criados em confinamento, subprodutos da cana-de-açúcar como a vinhaça, por exemplo, além de restos de alimentos e até lodo de esgoto, entre outros.

O biodigestor é por, assim dizer, o processo inicial da “fabricação” do biometano. Trata-se de um tanque fechado onde os resíduos são misturados com água e os micro-organismos responsáveis pela biodigestão. Esses resíduos são “quebrados” em moléculas menores, liberando gases como metano, dióxido de carbono e sulfeto de hidrogênio. O biogás produzido pode ser utilizado como fonte de energia renovável, enquanto o biofertilizante pode substituir fertilizantes químicos. No caso do biometano para o uso no trator, ele é filtrado para, a grosso modo, ficar mais limpo. As emissões de GEE (gases de efeito estufa) são cerca de 80% menores, na comparação com um motor diesel padrão.  Com o biometano como combustível, o impacto da emissão de gás carbônico do trator na natureza é virtualmente zero.

No caso da produção de biometano da SF Agropecuária, o processamento é de 50 metros cúbicos por hora do gás. Para um motor de 180 cavalos, como é caso da máquina comprada, o consumo é de 10 metros cúbicos/hora, com autonomia após carregamento de cerca de 550 quilômetros, uma média de comparação. Para acoplar o gás, o tanque de combustível foi substituído por um conjunto de tanques ao redor do centro do chassi. São 453 litros de capacidade de gás, equivalente a 79 quilos.

 

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