Convulsões e Epilepsia em cães e gatos: veterinário explica sobre o assunto

Raças puras como Pastor, São Bernardo, Collie, Setter, Labrador, Golden, Husky, Cocker, Poodle e Beagle são mais acometidas pela doença.


 

Os animais de estimação para muitas pessoas, são considerados membros da família, isso porque o laço criado durante o convívio se torna grande, devido a isso, quando eles adoecem, há uma grande preocupação. Uma das coisas mais comuns é a convulsão e epilepsia em cães.

A convulsão é o quadro clínico gerado por descargas elétricas paroxísticas, descontroladas e transitórias nos neurônios do encéfalo, levando a alterações da consciência, atividade motora, funções viscerais, percepção sensorial, conduta e memória. As convulsões podem ter causas extras e intracerebrais.

O médico veterinário Bruno Prates explicou que a epilepsia é a ocorrência de convulsões frequentes, entre as quais o animal fica consciente. “Ela é causada por fatores de origem intracraniana, que por sua vez podem ter causas primárias e secundárias. Na epilepsia idiopática (primária, verdadeira ou hereditária) que acomete 1% da população canina, normalmente não tem identificação da causa. O início ocorre entre um e cinco anos de idade e o animal está normal entre os episódios; acomete principalmente raças puras como o Pastor, São Bernardo, Collie, Setter, Labrador, Golden, Husky, Cocker, Poodle e Beagle e o período é longo (4 semanas). Provavelmente tem origem neuronal e genética. Os felinos raramente têm epilepsia idiopática.

O profissional menciona que também existe a epilepsia secundária (sintomática, estrutural ou adquirida) que é decorrente de lesão estrutural, ocasionada por doença intracraniana progressiva ou não, que acomete cães de qualquer raça ou idade e frequentemente estão presentes lesões multifocais. “Ela pode ser ativa, devido à encefalite, hidrocefalia ou tumores, ou então inativa, decorrente de trauma craniano, hipóxia ou encefalite. Embora estes dois tipos sejam tratados da mesma forma, é importante a diferenciação para orientar o proprietário corretamente, inclusive sobre o prognóstico em algumas raças refratárias ao tratamento. Existe ainda a epilepsia provavelmente sintomática, também chamada de criptogênica ou adquirida, decorrente de lesão estrutural que não é identificada”.

A anamnese é muito importante para diagnóstico, pois é o proprietário quem na maioria das vezes presencia o evento e os dados obtidos podem auxiliar no plano diagnóstico e terapêutico.

  • Descrição do quadro
  • Fases da convulsão
  • Início
  • Frequência
  • Padrão
  • Duração
  • Comportamento do animal entre as crises (se possível, solicitar um vídeo do episódio)
  • Vacinação
  • Exposição a drogas ou toxinas
  • Alimentação
  • Cio
  • Doenças anteriores
  • Ocorrência de trauma craniano
  • Se o quadro ocorre durante ou após o sono, exercício, alimentação ou jejum

 

PRINCIPAIS CAUSAS DAS CONVULSÕES DE ACORDO COM A IDADE DO PACIENTE

1 ano

Entre 1 e 5 anos

5 anos

- Tóxico

- Más formações (hidrocefalia)

- Metabólico

- Infeccioso/inflamatório

- Trauma

- Epilepsia juvenil

- Epilepsia sintomática

- Infeccioso/inflamatório

- Neoplasias

- Trauma, intoxicação

- Hidrocefalia

- Neoplasias intracranianas

- Inflamatório/infeccioso

- Metabólico

 

Requer tratamento nestas circunstâncias:

  • Lesão estrutural - atividade convulsiva contínua que dura mais de 15 minutos ou convulsões seguidas, sendo que o animal não retorna ao normal após 30 minutos.
  • Apresentou mais de três convulsões generalizadas em 24 horas ou apresentou dois ou mais clusters (mais de duas convulsões em um período de 24 horas) em um ano.
  • Já é a segunda vez que apresenta convulsão, com intervalo menor que seis a oito semanas entre os episódios ou apresentou dois ou mais eventos isolados em seis meses.
  • As convulsões iniciaram-se uma semana após ocorrência de trauma craniano.
  • Apresentou um episódio que durou mais de cinco minutos.

É importante identificar a causa das convulsões, através de exame clínico e neurológico minuciosos, com atenção especial aos sistemas cardiocirculatório, respiratório, digestório e urinário e realizar os exames complementares adequados como: hemograma, urinálise, coproparasitológico, enzimas hepáticas, uréia, creatinina, glicemia, calcemia, líquor, sorologias, PCR, radiografias torácicas, ultrassom abdominal, TC e RMI quando disponíveis.

Então, procure um médico veterinário e realize os exames para diagnosticar e cuidar corretamente do seu animalzinho.

Autor da matéria: Pâmela Pires

Últimas matérias