Bolsas caem antes da ata do Fed; reação aos ADRs na volta da B3 com pregão reduzido, Haddad no G20 e mais assuntos do mercado hoje


Os mercados mundiais amanhecem no campo negativo nesta quarta-feira (22), com investidores aguardando a divulgação da ata da última reunião do Federal Reserve (Fed), que trará mais detalhes sobre a política monetária do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc).

As crescentes preocupações de que o banco central americano continuará subindo as taxas preocuparam os investidores durante as negociações regulares da véspera e levaram as ações a encerrar seu pior dia de 2023.

A temporada de resultados corporativos continua com os balanços da Nvidia, Etsy e Baidu.

Por aqui, no retorno do feriado de Carnaval, a Bolsa abre às 13h (horário de Brasília), e deve buscar fechar o gap em relação ao Índice de ADRs brasileiros, que fechou em queda de 2% na véspera, com temor sobre juros nos EUA e Europa.

Na agenda de indicadores, com as mudanças no calendário, o Boletim Focus, relatório semanal do Banco Central com as previsões dos economistas, será divulgado às 14h.

1.Bolsas Mundiais

Estados Unidos

Os índices futuros dos EUA operam com ligeira baixa nesta manhã de quarta-feira, com investidores à espera da divulgação da ata do Fed, em busca de pistas sobre o ritmo de aumento de juros do país.

A minuta de hoje deve fornecer aos investidores um vislumbre de como as autoridades projetam as taxas de juros depois que dados recentes mostraram emprego e preços ao consumidor mais fortes do que o esperado nos EUA.

Na véspera, foi divulgado que o Índice de Gerentes de Compras (o PMI, na sigla em inglês) do S&P Global, que reflete a atividade empresarial nos Estados Unidos, voltou a crescer pela primeira vez em oito meses em fevereiro. A leitura de 50,2, ante 46,8 em janeiro, foi impulsionada por um setor de serviços robusto, de acordo com uma pesquisa.

Com a inflação ainda longe da meta de 2% do Federal Reserve e a economia mantendo muito de seu vigor, os participantes do mercado monetário estão revisando para cima, onde veem o pico das taxas dos fundos do Fed – atualmente em 5,35% em julho e permanecendo perto desses níveis ao longo do ano.

Ontem, o  S&P 500 caiu 2%, enquanto o Nasdaq Composite perdeu 2,50% e o Dow Jones Industrial Average teve baixa de 2,06%.

Veja o desempenho dos mercados futuros:

  • Dow Jones Futuro (EUA), -0,02%
  • S&P 500 Futuro (EUA), -0,05%
  • Nasdaq Futuro (EUA), -0,06% 

Ásia

Os mercados asiáticos fecharam com baixa, após as perdas acentuadas de Wall Street na véspera, e o banco central da Nova Zelândia aumentando sua taxa básica de juros para o patamar mais alto em 14 anos.

O Banco da Reserva da Nova Zelândia elevou as taxas em 50 pontos base para 4,75%.

O banco central da Coreia do Sul, por sua vez, deve manter sua taxa de juros em 3,5% na quinta-feira, de acordo com uma pesquisa da Reuters com 41 economistas.

O Banco da Coreia seria um dos primeiros bancos centrais da região a interromper seu ciclo de alta em comparação com seus pares globais, com exceção do Japão e da China.

Entre os dados econômicos do dia, o índice de preços ao produtor do do Japão subiu 1,6% na base anual.

  • Shanghai SE (China), +2,41%
  • Nikkei (Japão), +1,75%
  • Hang Seng Index (Hong Kong), +4,01%
  • Kospi (Coreia do Sul), +1,03% 

Europa

Os mercados europeus operam com baixa, enquanto investidores avaliam as perspectivas econômicas globais e aguardam pela ata da última reunião de política monetária do Fed.

Em indicadores, a taxa anual de inflação ao consumidor (CPI, pela sigla em inglês) da Alemanha ficou em 8,7% em janeiro, ganhando leve força ante 8,6% em dezembro, segundo revisão publicada nesta quarta-feira, 22, pela Destatis, como é conhecida a agência de estatísticas do país.

Já o índice de sentimento das empresas da Alemanha subiu de 90,1 pontos em janeiro para 91,1 pontos em fevereiro, atingindo o maior nível em oito meses, segundo pesquisa divulgada pelo instituto alemão IFO. O resultado de fevereiro, que marcou a quinta alta mensal consecutiva, veio em linha com a previsão de analistas consultados pelo The Wall Street Journal. O dado de janeiro sofreu leve revisão para baixo, de 90,2 originalmente.

Na frente de política monetária, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, falou, em entrevista para uma emissora de televisão finlandesa, que está determinada a enfrentar a inflação e reduzi-la à meta de 2%. “Todas as nossas decisões vão em direção à meta”, afirmou.

Para isso, vai voltar a aumentar a taxa de juros. “Nos últimos seis meses, aumentamos as taxas de juros em mais de 330 pontos base (bp). Da última vez, aumentamos em 50 pb, e pretendemos aumentar de novo em março”, declarou.

  • FTSE 100 (Reino Unido), -0,90%
  • DAX (Alemanha), -0,53%
  • CAC 40 (França), -0,65%
  • FTSE MIB (Itália), -0,82% 

Commodities

Os preços do petróleo operam com baixa, enquanto investidores aguardam pela ata do Fed, depois que dados recentes apontaram para a possibilidade de mais altas nas taxas de juros, o que pode reduzir o crescimento econômico e limitar a demanda global por combustível.

Além disso, a União Europeia está perto de um décimo pacote de sanções contra a Rússia pela invasão da Ucrânia e os governos da UE esperam chegar a um acordo na quarta-feira se conseguirem superar as diferenças sobre a proibição das importações russas de borracha e diamantes, disseram diplomatas da UE.

O pacote, no valor de 11 bilhões de euros (11,70 bilhões de dólares), também deve incluir, pela primeira vez, a proibição de todas as exportações para sete entidades iranianas que supostamente fabricam itens usados pela Rússia na guerra.

Já as cotações do minério de ferro na China fecharam com leve baixa nesta quarta-feira.

  • Petróleo WTI, -1,70%, a US$ 75,06 o barril
  • Petróleo Brent, -1,51%, a US$ 81,80 o barril
  • Minério de ferro negociado na bolsa de Dalian teve baixa de 0,38%, a 909,50 iuanes, o equivalente a US$ 131,91

Os preços do Bitcoin recuam 1,58%, a US$ 24.113,37

Bitcoin

  • Bitcoin, -0,53% a US$ 39.439,32 (em relação à cotação de 24 horas atrás)

ADRs no feriado

Na véspera, o  índice Dow Jones Brazil Titans 20 ADR, que reúne as principais empresas brasileiras listadas na B3 com recibos de ações negociados nos Estados Unidos,  caiu 2,04%, a 16.871 pontos, também de olho nos juros dos EUA. Confira o desempenho dos principais ativos na véspera. 

Empresa ADR Preço (em US$) Variação (%)
Vale VALE 17,04 0,12
Ambev ABEV 2,52 0
CSN SID 3,34 -1,47
TIM TIMB 11,62 -1,53
Santander Brasil BSBR 5,72 -1,72
Ultrapar UGP 2,56 -1,92
Gerdau GGB 5,42 -2,17
Petrobras PBR.A 10,02 -2,24
Petrobras PBR 11,27 -2,42
Telefônica S.A. TEF 3,99 -2,44
Itaú ITUB 5,01 -2,72
Sabesp SBS  10,34 -2,91
Bradesco BBD 2,64 -2,94
Embraer ERJ 12,4 -2,97
Eletrobras ERB 6,75 -3,16
Gol GOL 2,31 -3,35
GPA CBD 3,22 -3,88
Cemig CIG 1,99 -4,33
Azul AZUL 4,3 -4,87
BRF BRFS 1,24 -8,15

2. Agenda

Com o feriado de Carnaval, o Boletim Focus, relatório semanal do Banco Central com as previsões dos economistas, será divulgado apenas na quarta-feira, às 14h.

Os demais indicadores da agenda econômica vão sair na sexta-feira (24). Destaque para a prévia do Índice de Preços ao Consumidor de fevereiro (IPCA-15). O Itaú prevê alta de 0,73% e acredita que a leitura será pressionada por serviços, como mensalidades escolares. Sobre o núcleo da inflação, o banco acredita que a parte de bens deve continuar apresentando alguma alívio na margem, enquanto serviços ficarão estáveis.

Ainda na sexta-feira, o BC divulgará a balança de pagamentos de janeiro. O Itaú prevê um déficit corrente de US$ 8,5 bilhões, abaixo dos US$ 9,3 bilhões registrados um ano antes.

Nesta quarta-feira, os investidores aguardam pela ata da última reunião do Comitê de Mercado Aberto (Fomc), em que o BC americano decidiu por reduzir o ritmo de alta de juros nos EUA.

O documento deve ser observado com atenção, já que declarações recentes de dirigentes do Federal Reserve apontam para novas altas de mesma magnitude.

A necessidade de continuidade no ciclo de aperto monetário deve ser endossada pelo índice de inflação mais observado pelo Fed – o PCE, relativo a janeiro, e que mede a oscilação de preços dos gastos pessoais.

O consenso Refinitiv prevê que o núcleo de PCE tenha tido uma variação positiva de 0,4% em janeiro na comparação com dezembro. 

Brasil

14h: Boletim Focus semanal

14h30: Fluxo cambial semanal

EUA

16h: Ata do Fomc

18h30: Estoques de petróleo semanal – EIA

3. Noticiário econômico

13,7 milhões deixam de pagar IR após a correção da tabela

A Receita Federal prevê que 13,7 milhões de contribuintes pessoas físicas deixarão de pagar o Imposto de Renda com as novas regras de correção da tabela que entrarão em vigor a partir de 1º de maio, Dia do Trabalhador. Quem ganha até dois salários mínimos (R$ 2.640) ficará livre de pagar o imposto.

Esse contingente de pessoas corresponde a cerca de 40% do total de 32 milhões de declarações do Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF) recebidas no ano passado pela Receita.

Para atender a determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de iniciar a correção da faixa de isenção, a equipe do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, desenhou um modelo que mitiga o impacto da medida nas contas públicas.

 

O modelo beneficia as pessoas com faixas de renda mais baixas. Ele estabelece que a faixa de isenção do IRPF será ampliada dos atuais R$ 1.903,98 para R$ 2.112, sendo permitida uma dedução simplificada mensal de R$ 528 do imposto.

4. Noticiário político

 Haddad viaja para reunião com ministros do G20

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, viaja hoje (22) para Bangalore, na Índia, para se reunir com ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do G20, grupo das maiores economias do mundo. O encontro acontecerá entre os dias 23 e 25 de fevereiro.

As autoridades discutirãoassuntos como dívida, criptomoeda e inflação.

O foco de Haddad nas reuniões do G20 estará voltado a reposicionar a atuação do Brasil em fóruns de cooperação internacional, e com um interesse específico em questões climáticas, segundo a assessoria do Ministério da Fazenda.

5. Radar Corporativo

TIM (TIMS3)

O Grupo TIM, controlador da TIM Brasil (TIMS3), recebeu uma carta do fundo norte-americano KKR comunicando que vai prorrogar, por um mês, o prazo para uma potencial oferta de aquisição de ativos, segundo reportagem do jornal Estadão.

De acordo com o jornal, no começo deste mês de fevereiro o Grupo TIM recebeu uma oferta não vinculante da KKR para aquisição de participação na NetCo, a unidade de infraestrutura de redes fixas. Essa unidade abrange a FiberCop (fibra ótica) e a Sparkle (braço corporativo de atacado).

Já na sexta, a TIM e a Cogna (COGN3) anunciaram o encerramento da parceria entre as duas empresas que previa campanhas de marketing nos canais de vendas e oferta de cursos aos clientes da tele.

Americanas (AMER3)

A Americanas, uma das gigantes do comércio eletrônico, já vinha devolvendo espaços de armazenagem antes do pedido de recuperação judicial em janeiro. E essa prática continuou no início deste ano. A empresa fechou um centro de distribuição em Fortaleza (CE). Agora, a operação no Ceará terá como base o centro de distribuição em Recife (PE).

O enxugamento e a devolução de áreas de armazenagem preocupa as empresas gestoras de condomínios de galpões logísticos, especialmente os localizados em regiões nas quais a taxa de desocupação já é alta ou onde a varejista tem grande participação na ocupação dos armazéns. Nestes casos, a devolução dos espaços pode ter impacto nos aluguéis.

Levantamento nacional feito pela SDS Properties, imobiliária especializada em galpões em condomínios logísticos, mostra que em 2022 a companhia chegou a ocupar 830 mil metros quadrados (m²) em condomínios. Desse total, a empresa devolveu quase 20%. Foram desocupados 159 mil m2 distribuídos entre Betim (MG), Resende (RJ), Cajamar (SP) e Ribeirão Preto (SP).

Autor da matéria: Jaqueline Piva
Fonte: InfoMoney

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